Sam Ali (Yahya Mahayni) é um homem passional, além de ser o protagonista de “O Homem que Vendeu Sua Pele”. Ao perder o direito de permanecer em seu próprio país, ele aceita uma proposta no mínimo inusitada, mas a justificativa é nobre: conseguir o passaporte europeu para reencontrar o amor de sua vida, mesmo que hoje ela esteja casada. Mas, ao invés de libertá-lo de seu país em completa opressão, o que realmente acontece é que as costas do protagonistas são tatuadas por um artista considerado gênio, e ele precisará expô-la em um conceituado museu da Bélgica.

Sim, o protagonista vende seu corpo – especificamente as costas. O irônico disso tudo é que a tatuagem, considerada obra de arte máxima, é justamente a réplica de um passaporte de Schengen.

Com elenco estelar e roteiro afiado, a produção concorreu ao Oscar 2021 na categoria de Filme Internacional, e agora chega ao Brasil. Para saber mais sobre as filmagens e seus respectivos processos, o Cinema com Rapadura bateu um papo com o protagonista do filme, Yahya Mahayni, e sua co-protagonista, Dea Liane. Sobre o seu envolvimento com o projeto, a atriz falou:

“Meu envolvimento com o projeto foi agarrando a oportunidade, porque vi um anúncio no Facebook e, até então, não havia atuado em nenhum filme, porque minha carreira era, sobretudo, como atriz de teatro em Paris, então, quando vi o anúncio, ele buscava uma atriz síria entre 23 e 25 anos e, na época, eu já tinha 28, então, fiz acreditando que não ia dar tão certo. Além disso, meu árabe não era muito bom e, por viver na França, havia esses obstáculos a superar.

Mas fiz o teste e o enviei como uma filmagem, que não foi muito bom. Então, fiz mais um teste e, nessa época, conheci o Yahya e, desde então, tudo começou a acontecer. Quando li o roteiro, fiquei muito surpresa com aquela história, mas a diretora, Kaouther Ben Hania, o mudou diversas vezes, adaptando suas ideias à realidade do filme. Na época, li o roteiro como se fosse um livro, sabe? De uma vez só! E foi tão bom, porque trata-se de uma história real, sabe? Você sente aqueles personagens como pessoas reais. Senti como algo que me fez perder o fôlego, tamanha era a qualidade do material”.

Por sua vez, Yahya Mahayni contou seu lado desse mergulho em um filme tão intenso:

“Isso também aconteceu comigo. Li o roteiro do começo ao fim de uma só vez e pensei: ‘Uau!’. Esse roteiro é tão bem escrito, a história é tão original, e os personagens são tão reais, com suas camadas de complexidade. O vai e vem do protagonista, por exemplo, é muito forte, porque funciona em tantos estágios e isso, para nós, atores, é um desafio e tanto para criarmos personagens fortes e memoráveis. No meu caso, recebi um telefonema para realizar o teste, e demorei a acreditar, porque já estava prestes a desistir da carreira de ator, e olha só onde tudo foi parar. Foi uma surpresa enorme, mas que bom que não desisti. Então, o processo foi parecido com o da Dea: mandei uma fita, depois outra, depois fiz o teste e assim em diante.”

Em seguida, o ator falou sobre como foi trabalhar com a diretora, Kaouther Ben Hania:

“Uma das melhores coisas de trabalhar com ela é porque ela sabe o que quer, sabe? Ela nos dá muita liberdade para interpretar e, ao mesmo tempo, faz com que as coisas sejam da forma como ela enxerga. Por exemplo: eu nunca pensei que interpretaria alguém louco por amor, porque me considero alguém cafona quando faço isso, mas ela me estimulou a ser exatamente assim, e o processo todo envolve forçar os nossos limites, e transformar o nosso olhar para aquilo o que ela busca. Além disso, ela escuta, e eu tive a oportunidade de falar sobre coisas que eu não tinha certeza, e nós tivemos diversas conversas sobre isso, enquanto ela me ajudou muito, porque esse foi o meu primeiro grande papel em um filme, e ela me orientou a fazer a Masterclass da Natalie Portman e do Samuel L. Jackson, o que foi ótimo para ter outras perspectivas, além de novas ideias.”

Complementando o assunto, Dea Liane contou:

“Na verdade, a Kaouther também me orientou a fazer a Masterclass da Natalie Portman (risos). Trabalhar com ela, para mim, de uma outra perspectiva, foi essencial. Primeiro, porque ela é uma mulher diretora, o que por si só não é comum, além de ser nova pelo olhar maduro que tem como cineasta. Ela é impressionante, porque ela tem uma energia que emana de sua existência, de sua audácia. Assim, quando ela diz que vai contar uma história, ela vai porque é isso o que quer contar, e não se preocupa com o que as pessoas vão pensar dela. Além disso, em alguns momentos ela pode ser dura, mas eu gosto disso. Ela simplesmente fala o que tem de ser falado, e faz isso quando precisa, sem meias palavras. Isso faz tudo acontecer muito bem. Ela não tenta te manipular como diretora, e sim te dirige verdadeiramente.”

“O Homem que Vendeu Sua Pele” estreia nesta quinta-feira, 7, em cinemas do Brasil. Leia nossa crítica.

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