Em sua extensa trajetória, o cinema norte-americano foi capaz de transformar adoráveis crianças em personagens malignos e horripilantes. Quanto a nós, baixinhos indefesos, os filmes de terror rodados…
As histórias ambientadas em paraísos luxuosos e hotéis exóticos parecem ter ganhado um novo fôlego no último ano. Povoados por figuras divididas entre a sua verdadeira essência e aparências superficiais, tais narrativas têm esbanjado cada vez mais simbolismos para a necessidade de se fugir da realidade, ainda mais exacerbada no contexto atual. Bebendo dessas fórmulas, “Nove Desconhecidos”, nova atração da Amazon Prime Video, não é muito diferente.
E o que poderia ser um elogio, considerando a capacidade de nessas premissas encontrarmos interessantes reflexões, todavia, se converte em crítica diante da incapacidade do seriado em ir além com as suas próprias pernas, minimizada perante a quase inexistente, e em quase nada autoral, direção de Jonathan Levine.
Trazendo um grande elenco, os episódios exploram os traumas de nove personagens – unificados em alguns núcleos mas que se desconhecem entre si – que se reúnem em um spa misterioso para irem em busca da melhor versão de si mesmos. Comandado pela misteriosa Masha (Nicole Kidman), o lugar abriga segredos sombrios e irá submetê-los a procedimentos questionáveis, para dizer o mínimo.
Embora consiga entreter em algumas de suas finalizações, que em certos momentos entregam cliffhangers efetivos, é com pesar que o desenvolvimento da minissérie pareça mínimo ao final do oitavo episódio, incapaz de sustentar suas personagens frágeis e evidente ausência de ideias ao longo de toda a duração projetada.
Objetiva, a produção se beneficia, por outro lado, de sua simplicidade, deixando claro o seu discurso e grande objetivo central. Entretanto, saturado perante a recente leva de lançamento superiores, como “The White Lotus” e “Tempo”, é desgastante como o mesmo se desenrola por meio da reciclagem de planos e o abuso de clichês, que minimizam as situações como um todo e aqueles que acompanhamos em cena.
Já viu? :
17 filmes originais da Netflix para você assistir agora
Ao pregar essa dissociação entre imagem e natureza, é curioso perceber como a obra acaba se prejudicando justamente pelo que tenta denunciar, artificializada ao máximo e satisfeita em se contentar com os mais óbvios caminhos construídos em tela.
Seria injusto ignorar que a clareza temática e o carisma da maior parte do elenco – que consegue entregar personas bastante cativantes, conforme demonstram Melissa McCarthy, Michael Shannon e Bobby Cannavale – tornam a experiência minimamente agradável, mas é igualmente triste reconhecer que o interminável uso de flashbacks e a representação visual mais literal possível de certos aspectos tornam essa uma maratona bastante esquecível.
Adaptando o seu livro base homônimo da maneira mais literal e conveniente possível, “Nove Desconhecidos” defende a necessidade de adotarmos caminhos radicais para a nossa autoevolução sem a mesma coragem de fazê-lo que as suas personagens. A série é, desse modo, minimamente interessante, mas não consegue ir muito além da artificialidade que reveste a misteriosa estadia no spa Tranquilium.
O post Crítica | Nove Desconhecidos (Prime Video, 2021): medíocre exibição de artificialidades apareceu primeiro em Cinema com Rapadura.
Ryan Gosling nasceu em 12 de novembro de 1980, em London, Ontario, Canadá. Desde criança, ele sempre demonstrou interesse pela arte, especialmente a música. No entanto, foi na…
Chegou a hora de mergulhar fundo na sétima arte! Confira esses 7 filmes que são obras primas do cinema imperdíveis! 7 obras primas do cinema imperdíveis! O silencio…