Para conseguir chegar à aldeia na qual Davi Kopenawa é um dos líderes, Luiz Bolognesi e sua equipe precisavam viajar por quatro dias. Por isso, cada oportunidade de contar a história do povo yanomami e partir do olhar de hoje foi muito bem aproveitada. A jornada, com material rico e muito bem fotografado e editado, resultou no belíssimo “A Última Floresta”.

Em uma oportunidade única de conhecer mais sobre os yanomamis através da palavra de Davi, e sobre a experiência que o olhar de Luiz construiu, o Cinema com Rapadura participou da coletiva de imprensa online, na qual eles conversaram, sob mediação de Flavia Guerra, a respeito da experiência de filmagem e de como o Brasil precisa olhar para seus povos originários. Assim, quando há sessões especiais do filme, é motivo de comemoração, como o próprio Luiz disse:

“Pra mim, foi sem dúvida uma das sessões de cinema mais especiais da minha vida, assistir junto aos yanomami. Levamos quatro dias para chegar lá, e tudo foi tão rápido, e já estamos aqui, que é difícil acreditar. Montamos toda a estrutura para a tela junto a eles, com PVC, e ela não ficou muito reta, mas os guerreiros yanomamis chegaram com as cordas e deixaram-na esticadíssima, ficou ótima. É muito forte a experiência de fazer esse filme e apresentá-lo a eles, porque a imensa maioria dos yanomamis estava assistindo ao cinema pela primeira vez, e de uma maneira muito especial, porque quem estava na tela eram eles. E essa magia aconteceu de forma muito natural, porque eles são uma comunidade artisticamente muito forte, então absorveram o cinema com muita facilidade.”

Sobre o contato com os yanomami e a razão de existir de seu filme, o diretor também contou:

“É como dizem: os povos originários não têm poesia porque eles não precisam, porque a sintaxe deles é poética. Na fala dos yanomami, você vê todas as figuras de linguagem; todos os elementos que a gente vê na fala poética, estão presentes na fala dos yanomamis o tempo todo. Eles falam poesia o tempo todo. Então, eles mandaram muito bem no cinema, sobretudo o Davi, como roteirista, e na hora de filmar, tanta na parte ficcionada quanto nas captações naturais, e o espectador não sabe o que é o que, e eu não vou contar, assim como o Davi disse que não vai contar o que o xamã disse nos rituais, então, nosso filme tem alguns segredos.”

Por sua vez, Dani Kopenawa, xamã yanomami e roteirista do documentário, ao lado de Bolognesi, contou sobre a sua experiência e visão dessa obra tão importante:

“Foi muito bom pensar antes de realizar o filme, para mostrar o meu povo yanomami de forma honesta, para apresentá-lo da floresta, longe do povo da cidade, e eu pensei muito, e sonhei, até encontrar o Luiz Bolognesi. Foi muito bom, porque a comunidade aceitou a filmagem, e apresentar à cidade a nossa história; mostrar ao povo da cidade que a gente existe, que nós, yanomamis existimos, falamos nossa língua, temos uma vida diferente, e o filme saiu como deveria, mostrando a nossa imagem como ela nunca foi mostrada antes. Demorou muito, mas conseguimos correr atrás para filmar a imagem dos yanomamis. E o Luiz conseguiu fazer isso em 2021, e apresentar a milhares de pessoas que nunca haviam visto nossa vida e, assim, podem pensar em proteger e cuidar do povo da floresta, pois são eles que realmente pertencem à raiz do país; eles usam sua própria cultura, e mostram sua beleza com a vida na floresta, e o homem da cidade é estranho, porque ele não cuida do rio, não cuida do peixe, e continua destruindo tudo. Ele destrói a nossa vida e, agora, com o que o Luiz fez, nós conseguimos alcançar mais pessoas e sermos protegidos.”

“A Última Floresta” chegou aos cinemas em 9 de setembro. Leia nossa crítica.

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