Quem conhece o Homem-Aranha só do cinema não sabe, mas o vilão interpretado por Jamie Foxx em “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro” tinha outra cara nos quadrinhos.
Até agora inédito no cinema, Electro debutou nas histórias do Aranha em 1964 usando uma máscara amarela em forma de raios e uniforme verde, muito diferente do traje preto e da maquiagem com efeitos que lembram uma tempestade apresentados na estreia do vilão na telona.
“Deixa eu te contar sobre a máscara”, começa o produtor Avi Arad. Estamos nos últimos dias de filmagem, em junho de 2013, e um jornalista-fã que faz parte do grupo que visita o set não parece muito contente com a adaptação. “Quando o Electro foi criado, muitos anos atrás, todo mundo tinha máscaras em todos os quadrinhos, de um jeito ou de outro. Era quase que um estilo de se fazer uma história de herói. E muitos deles eram verdes porque, por alguma razão, havia muita tinta verde. Vocês acham que estou brincando, mas não estou”, explica o produtor, que também é fã de quadrinhos e um dos responsáveis por levar a Marvel aos cinemas.
“Conforme avançamos no tempo com esses personagens, o que é importante é encontrar quem eles são e qual seria a aparência deles se a Marvel começasse hoje, como desenvolveríamos estes personagens. A máscara tira a possibilidade de ver o homem reagindo, odiando e xingando. Então, trouxemos tudo para o presente. E tem apoio suficiente de pseudo-ciência para dizermos ‘sim, isso poderia acontecer'”, conclui.
A pseudo-ciência, no caso do Electro do cinema, é o acidente com eletricidade e enguias elétricas geneticamente modificadas desenvolvidas pela Oscorp, que dá nova aparência e poderes ao tímido e carente engenheiro elétrico Max Dillon.
Mas, como em tudo no cinema, há outras razões para tirar a máscara de Electro, como explica o também produtor Matt Tolmach. “Temos Jamie Foxx. Então, a não ser que você precise da máscara, deixar que este ator se expresse, vendo seus olhos e seu rosto, com reconhecimento entre ele e o Homem-Aranha, é muito menos restritivo do que quando você tem uma máscara. Pode ser emocional de verdade”, acredita.
Para Arad, o fato de Electro não precisar esconder sua identidade anterior também contou para a decisão. “Não é relevante se você sabe quem ele é ou não. A máscara nele não são duas identidades, é um homem que passou por um processo, algo aconteceu, e ele hoje é diferente”.
Já a escolha de Electro para estrelar “O Espetacular Homem-Aranha 2”, entre tantos outros vilões que já figuraram nos quadrinhos, também tem a ver com o impacto visual que ele poderia causar, conta o diretor Marc Webb. “Achei que havia algo inerentemente cinematográfico em um cara que pode explodir em um estouro de eletricidade. Algo fantástico e de pesadelo”, explica.
“E graças a avanços recentes na tecnologia, poderíamos fazer isso de uma maneira que nunca foi vista antes. Eu também queria ter algo que fosse mais prático, quando estávamos desenvolvendo os trajes, para podermos ver o próprio personagem em vez de criar algo que fosse totalmente computação, como fizemos com o Lagarto”, conclui.
O que a tecnologia permitiu foi transformar uma maquiagem azul em algo que parece tomado de descargas de energia, que se distribuem de acordo com as emoções do vilão, como conta Jamie Foxx, mostrando em primeira mão a caracterização de seu personagem. “Demora cerca de uma hora e meia, é como um silicone que eles colam. Não é azul na tela. É como uma tempestade dentro do meu corpo. Conforme eu fico mais nervoso, fica mais vermelho, laranja e azul”.
Mesmo com tantas mudanças em relação ao original, os fãs do Homem-Aranha parecem ter gostado do novo visual do vilão, já que o filme estreou com um estouro digno de Electro: no Brasil, tornou-se a melhor estreia de 2014, levando 1.609.726 pessoas aos cinemas, enquanto nos Estados Unidos ficou com o posto de segunda melhor abertura do ano, com US$ 92 milhões de bilheteria.
fonte:cinema.uol.com.br
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