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Em “O Jardim Secreto de Mariana”, o espectador vai encontrar um longo processo que faz com que seus personagens estejam, ao mesmo tempo, no olho do furacão e na contemplação diante do tempo. Com isso, o diretor Sergio Rezende entrega um trabalho conciso e repleto de significados, os quais são transpostos através de Mariana (Andréia Horta) e João (Gustavo Vaz), sendo este o protagonista que leva ao espectador toda a motivação para acompanhá-lo em meio à exuberante natureza de Minas Gerais.

Para saber mais, o Cinema com Rapadura bateu um papo com o cineasta, que contou sobre o desenvolvimento do projeto logo no início da conversa:

“A primeira versão do roteiro eu escrevi em 2010. Em geral, sempre trabalho com um parceiro, mas nesse caso escrevi sozinho. Nesse primeiro tratamento a história se passava na Europa, Mariana ia dar palestras lá e João viajava atrás dela, alugava uma bicicleta e iniciava sua jornada para recompor a relação depois de cinco anos de separação. Cheguei a ir à França para escolher locações, mas não consegui naquela época recursos para filmar.

O projeto ficou na gaveta muitos anos, até que a produtora Erica Iooty o ‘ressuscitou’, em 2019. Vimos que seria inviável financeiramente filmar fora do Brasil e adaptei a narrativa. Troquei a Provence pelo Parque de Inhotim e Brumadinho, mantendo a trama original. Minha ideia sempre foi fazer um filme sobre o amor, mas um amor sólido, na contramão do que Bauman definiu como amor líquido, uma certa superficialidade nas relações amorosas. Outro eixo dramático foi o conflito entre os processos naturais – que Mariana defende e pratica – e os métodos ‘artificiais’. Ela recusa tratar com remédios suas flores, mas não consegue escapar dos recursos médicos em sua tentativa de engravidar.

O olhar feminino dessa questão teve a colaboração de Maria Rezende na escrita, o que enriqueceu muito o roteiro. Maria também montou o filme; filmei o roteiro e montamos o que filmamos exatamente como no roteiro, com pouquíssimas alterações.”

Com o projeto dando os primeiros passos como o belo longa-metragem que se tornou, Rezende fez as escolhas para o elenco:

“Conheci Andréia pessoalmente quando fui entrevistado em seu programa ‘O Pais do Cinema, no lançamento de ‘O Paciente’, em 2018. Amor à primeira vista. A partir desse dia nunca mais pensei em uma Mariana que não fosse ela. Gustavo Vaz conheci através de minha filha Julia Rezende, que filmou com ele a série ‘Coisa Mais Linda’ para a Netflix e o longa ‘Depois a Louca Sou Eu’. Completam o elenco Paulo Gorgulho, com quem nunca tinha trabalhado, e Denise Weinberg, parceira de muitos filmes. Além do talento, são todos atores muito inteligentes, que contribuíram demais no processo criativo.”

Com um terceiro ato poderosíssimo, “O Jardim Secreto de Mariana” convida o espectador para uma reflexão a partir da inversão proposta pelo roteiro. Sobre isso, o cineasta disse:

“O filme foi rodado muito rápido, três semanas entre Brumadinho e Friburgo. Fiz a opção de cortar pouco, deixar que o fluxo dramático fosse dado pelos atores. Mais da metade do filme foi rodado dessa maneira, em um único plano. Os atores deram o ritmo, uma viagem sem volta na montagem, mas eu confiava na sensibilidade deles e não me arrependo da escolha.

A cena do desfecho da viagem, em que o casal discute na rua depois da longa sequência no carro entremeada por lembranças do passado, é um exemplo disso. Com exceção de dois ou três closes, a sequência tem um plano só. E chovia, o que não estava previsto, mas fizemos do limão uma limonada. Andréia e Gustavo arrasaram, terminaram exaustos, no auge da emoção. Contiveram o choro atuando, mas depois do ‘corta’ se abraçaram aos prantos. Momentos inesquecíveis de uma filmagem. É um privilégio ver uma obra de arte sendo criada na sua frente – o bônus do diretor.”

Também marcante, a técnica usada por Rezende apresenta um filme límpido, que abraça a natureza de Minas Gerais, e que torna o simbólico jardim de Mariana algo estruturalmente importante pelo conjunto entre fotografia, cenografia e direção de arte. Assim, Rezende disse:

“Este é um filme de novas parcerias. Assim como foi com o elenco, foi meu primeiro filme com a equipe chave. Felipe Reinheimer na fotografia, Rafael Vinagre na direção de arte e Joana Ribas nos figurinos. Além de Berna Cepas, que compôs a trilha. A concepção do diretor depende deles para se realizar. Definimos a imagem em três blocos básicos. O presente num tom sem muitas cores: o passado feliz inundado de luz; e o passado sombrio, o bloco no casarão para onde se mudam depois da ‘expulsão do paraíso’ marcado por contrastes e sombras. Fotografia, cenários e figurinos se integraram perfeitamente nas mudanças. O Felipe, além da fotografia, também operou a câmera e o steady cam. Foi ele quem me sugeriu usar uma câmera infravermelha para as cenas oníricas. Comprei a ideia na hora e assim foram filmados os passeios de bicicleta do casal. Com isso, não posso deixar de registrar a maravilha que é o Parque de Inhotim, um orgulho para todo brasileiro e um presente que o filme ganhou.”

“O Jardim Secreto de Mariana” estreou nesta quinta-feira, 30. Leia nossa crítica.

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[Entrevista] O Jardim Secreto de Mariana | Diretor Sergio Rezende fala sobre bastidores de seu novo drama

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