Filmes de sequestro são poderosos por essência, pois trazem uma situação-limite à tona, do tipo que assusta justamente porque ninguém quer passar por aquela realidade. Porém, usando apenas como pano de fundo neste poderoso longa, o cineasta Ugo Giorgetti fez de um pequeno sequestro o suficiente para apresentar diversas questões intrigantes e existencialistas ao espectador: e essa é a essência de “Dora e Gabriel”.
Para saber um pouco mais sobre o filme, e como foram os desafios enfrentados ao gravar em um cenário tão reduzido, o Cinema com Rapadura bateu um papo com o diretor, e também com sua protagonista, Natália Gonsales. Sobre o envolvimento com o projeto, e como tudo começou, Ugo disse:
“Essa ideia surge de um fato que me contaram, há muitos e muitos anos. Nunca mais saiu inteiramente de meu horizonte criativo. Entre 2018 e 2019, num momento de particular dificuldade para viabilizar financeiramente qualquer filme, ela ressurgiu com força. Acho que as ideias se manifestam no seu preciso e devido tempo.”
Assim, o diretor também fala sobre a claustrofobia trazida pelo filme, e sobre a escolha de seu elenco:
“Fazer um elenco requer paciência e tempo. E, naturalmente, talento. Na minha opinião o elenco está sempre à espera do diretor em algum lugar, mas é preciso reconhecê-lo quando subitamente aparece na sua frente. Ele se dissolve e desaparece com a mesma facilidade com que surgiu. Há um pouco de mágica nisso.”
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Um dos grandes aspectos de “Dora e Gabriel” é a capacidade da fotografia em criar um ambiente tão sufocante e, ao mesmo tempo, amplo o suficiente para proporcionar o desenvolvimento de seus personagens. Sobre isso, o diretor contou:
“Eu e o fotógrafo Walter Carvalho falamos sobre o trabalho o mínimo possível. Não é mais necessário longas reuniões e divagações. Somos amigos há mais de cinquenta anos e já fizemos todo o tipo de filme: filmes publicitários para televisão, documentários de curta e longa-metragem, filmes de ficção para cinema e televisão. Enfim, não precisamos mais falar. Nós nos entendemos quase silenciosamente e tudo vai muito bem.”
Por sua vez, a atriz Natália Gonsales também contou sobre o seu envolvimento com o projeto:
“Encontrei o Ugo numa estreia no Centro Cultural São Paulo e, durante a conversa, ele me perguntou se eu gostaria de ler o roteiro de um filme. Eu aceitei, pois fiquei intrigada com a história. Depois de algumas semanas, interessada no projeto, eu toquei a campainha da produtora do Ugo e perguntei se a ideia de ler o roteiro estava em pé. Ele disse que sim! A partir daí, começamos a discutir sobre o filme. Em seguida, eu fui apresentada para o Ary França e logo iniciamos os ensaios.”
Um dos grandes desafios do longa é a forma com a qual seus atores são dispostos, em um espaço pequeno como um porta-malas. Por isso, Natália falou um pouco sobre os ensaios para tornar tudo tão real e sincronizado:
“Passamos por algumas etapas durante os ensaios. Primeiro, realizamos leituras com o Ugo e a assistente, Inês Mulin, para possíveis mudanças no roteiro. Em seguida, eu e o Ary fizemos alguns encontros em nossas residências para a decupagem. Eu também realizei alguns encontros com o diretor e preparador Eduardo Milewicz para aprofundarmos a Dora. Mas, como tínhamos um desafio espacial e físico, o porta-malas ficou pronto uma semana antes do início das filmagens para ensaiarmos de maneira mais realista. O que nos deu novas sensações, percepções e desafios. O desconforto, durante as filmagens, era grande, mas isso foi fundamental para trazermos no corpo essa situação claustrofóbica. Pequenas alterações físicas, para nos acomodarmos melhor ou para trazer mais desconforto, foram fundamentais para construirmos cada momento. E os corpos (tanto na realidade como na ficção) foram se abandonando, se entregando e se moldando ao espaço.
“Dora e Gabriel” estreou em 23 de setembro nos cinemas. Leia nossa crítica.
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