Há diversos filmes-catástrofe espalhados pelo mundo. É um dos subgêneros mais admirados, porque as situações nas quais o planeta dá errado de alguma forma tendem a provocar fascínio no ser humano, em um misto de medo e “gostinho de quero mais”. Por isso, nada mais natural do que mergulhar neste drama catastrófico sueco para admirar o que o país pode passar. Ledo engano. Com o título “O Inimaginável”, o filme é mesmo uma aula de como inovar dentro de uma fórmula tão gasta que pouco convence em tempos de efeitos visuais avançados.
Ao provar que um filme-catástrofe é muito mais do que ondas gigantescas ou invasões alienígenas, este longa-metragem leva o espectador a uma realidade comum. Porém, antes disso, apresenta ao espectador a vida de Alex (Christoffer Nordenrot), garoto pianista prodígio que teve sua vida dilacerada quando a mãe abandonou a família, em decorrência de violência doméstica, e ele foi obrigado a conviver (ainda que por pouco tempo) com o pai, extremamente autoritário e violento. Quando jovem, nutria paixão por sua melhor amiga, Anna (Lisa Henni), mas esta se mudou do vilarejo e Alex foi obrigado a passar um final de adolescência praticamente exilado em seu quarto.
Quando decidiu partir da casa de seu pai, sua vida deslanchou com a mesma facilidade com a qual o sofrimento todo foi deixado para trás. Tornou-se pianista renomado em todo o país e, quando soube da morte de sua mãe, apesar de pouco se importar, se obrigou a retornar ao vilarejo e visitar sua antiga vida. Porém, no que pareceu um atentado terrorista que parou todo o país, e que causou a morte de sua mãe, é o suficiente para mostrar ao pai de Christoffer, Björn (Jesper Barkselius), que algo está errado muito além de sua família desestruturada. E, como uma das primeiras guinadas deste longa, Björn passa a ganhar mais importância de tela.
A partir do início do primeiro ato, quando a família disfuncional foi apresentada, o espectador passará a dividir a tela entre Christoffer e Björn. O primeiro, mais amargo do que jamais fora, principalmente por conta de seu retorno a um lugar que tanto lhe fez mal, procura por sua antiga melhor amiga, e quando a encontra a paz parece ter tomado sua existência novamente, mas o tempo passou e hoje ela está casada, com sua própria família formada. Seu pai, porém, passou por um processo de redenção, através da solidão, e é o único que parece entender que algo está errado na Suécia. As pessoas se comportam de maneira radical, as máquinas estão agindo de maneira estranha, e a comunicação do país está toda comprometida. Assassinatos passam a acontecer de forma rápida e numerosa, e o país cai em uma espiral exponencial catastrófica.
Sem entender o que está acontecendo, Christoffer volta a conviver com seu pai, e tudo o que Björn quer é tornar a sua vida menos amarga, próximo ao filho. Enquanto isso, precisam ajudar uma fuga em massa a acontecer, e o país conta com uma equipe tática para compreender o que a destruição em massa significa. Uma invasão? Atentado terrorista? Nova guerra? A água está contaminada?
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Victor Danell, diretor e roteirista, ao lado de Christoffer Nordenrot (sim, o protagonista), é o responsável por criar uma atmosfera de constante atordoamento, cuja tensão vai e vem, mas jamais encontra resposta. E é esse o grande mérito deste filme, pois levanta no espectador a chance de opinar silenciosamente sobre as causas de todo o mal que acomete a Suécia, enquanto sua população sofre com o que parece ser uma manipulação mental. Sim, as pessoas mudam de comportamento, tornando-se arredias, agressivas e violentas – nessa ordem. Isso causa tragédia atrás de tragédia, e pouquíssimos suecos parecem escapar disso tudo.
Com isso, o eficiente trabalho de fotografia de Hannes Krantz faz com que a violência surja como algo natural, capaz de tirar da linha qualquer sistema político, enquanto uma névoa parece encobrir boa parte do país, mas esta é apenas a sensação do atordoamento. Por sua vez, o design de produção de Rasmus Råsmark não poupa a tela de detalhes – há uma cena de engavetamento em cima de uma ponte particularmente assustadora, o que faz da técnica aqui complementada pelo excelente som de Olle Tholén.
Ainda que o roteiro perca mais tempo do que deveria no relacionamento do antipático Christoffer com as pessoas de seu passado, este “O Inimaginável” é intrigante até o fim. Com um terceiro arco que surpreende pela escolha do roteiro para justificar toda a catástrofe, este longa-metragem merece ser conferido com o som alto, na maior tela possível. Não inova o subgênero por completo, mas dá fôlego à fórmula e isso faz valer a experiência.
O post Crítica | O Inimaginável (2018): o absurdo que mais parece ficção apareceu primeiro em Cinema com Rapadura.

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