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Em Oaks Springs, existe uma pequena comunidade que luta para manter viva a cultura daquela cidadezinha, cada vez mais abandonada no tempo. Como nos Estados Unidos uma cidade pode simplesmente falir, sumindo do mapa em decorrência de diversas situações, como migração ou extrema pobreza, aqui está um ótimo pano de fundo para discutir como, em um lugar formado sobretudo por negros e latinos, não há nenhum olhar de cuidado por parte do governo local. Não é à toa que o título deste filme do Prime Video, que se passa em Oaks Springs, é “Bingo Hell”.

Lupita (Adriana Barraza) é uma mulher madura que vive em sua comunidade agarrando todas as chances de torná-la viva muito além do que consegue. Com isso, torce para que a união com seus vizinhos jamais acabe, e que eles valorizem Oaks Springs como o lar que ela enxerga, e não apenas como um ponto geográfico esquecido pelo tempo. Porém, apesar de contar com todo o suporte e carinho de seus amigos, eles não pensam o mesmo sobre ali. Assim, com o sumiço de um deles, Mario (David Jensen), que havia perdido a esposa há pouco tempo, a cidade começa a perceber estranhos acontecimentos.

Ou melhor, Lupita passa a sentir que algo não está certo, e que o clima pacato está sendo incomodado por alguém cuja presença está desarmonizando os demais moradores. Assim, no que antes era o encontro diário no bingo local, agora é transformado em um verdadeiro espetáculo, com a chegada do Mr. Big (Richard Brake) e de seu fabuloso “Bingo Hall”, o que mais parece um cassino. Ali, todos os moradores são seduzidos pela chance de encontrarem uma verdadeira bolada como prêmio, o que logo se comprova quando uma das visitantes leva USD 10.000,00. Porém, o que ninguém percebe é que o ganhador da noite é carimbado com um cifrão no peito da mão, e que ali está o contrato vitalício com o diabo.

Neste “Bingo Hell”, o vencedor leva para casa a possibilidade de transformar sua vida, e o que quase todos os moradores de Oaks Springs querem é a oportunidade de sair dali, de vencer em algo. Porém, um a um é pego pelo Mr. Big, que se torna cada vez mais poderoso conforme carimba o cifrão na mão dos tais vencedores. O resultado, portanto, é um banho de sangue composto por maquiagem muito bem feita e a interpretação divertida dos atores, que se entregam ao desespero de seus respectivos personagens.

Assim, este filme é um bom exemplar do que pode ser feito com trama enxuta, e com a criatividade de uma diretora como Gigi Saul Guerrero, que também assina o roteiro, ao lado de Shane McKenzie e Perry Blackshear. Porém, ainda que haja ótimas intenções, o ritmo acaba sofrendo bastante ao não trazer situações além da constante luta corporal da protagonista em tentar salvar seu amado local. E, apesar de tecnicamente satisfatório, a montagem deste filme não empolga, porque muitas vezes parece apenas oferecer recortes do que poderia ter sido um bom momento ao espectador.

Por isso, apesar de contar com um elenco divertido, em especial Adriana Barraza e Richard Brake, “Bingo Hell” acaba deixando de lado sua própria premissa, e parte em momentos sanguinolentos que fariam mais sentido se tivessem um simples embasamento. A homenagem ao terror gore está presente, mas a proposta do filme não a acompanha, e ele se divide entre o que quer ser, como um terror repleto de violência, e o que acaba parecendo: um sentimentaloide momento de epifania da comunidade de Oaks Springs.

O post Crítica | Bingo Hell (Prime Video, 2021): a revolta dos que não foram apareceu primeiro em Cinema com Rapadura.

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