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Por dias é capaz de o espectador ficar com Beth (Rebecca Hall), mas, infelizmente isso não está diretamente ligado à qualidade deste “A Casa Sombria”, suspense que não se decide se pisa de vez no terror sobrenatural ou se explora as nuances do drama que envolve sua protagonista. Felizmente, a atriz é tão boa em sua composição que é capaz de qualquer um querer vê-la por mais tempo, causando o verdadeiro horror psicológico na contradição que é querer isso diante de um filme tão apático. Mas de vez em quando o cinema tem dessas coisas; dessas ambiguidades.

Beth é uma professora que começa sua história aqui ao final do velório de seu marido, Owen (Evan Jonigkeit), cuja morte foi causada por suicídio. Sozinha em sua casa, projetada pelo falecido marido, em frente a um lago belíssimo, cuja paisagem é o verdadeiro sonho de qualquer casal promissor, a protagonista agora precisa lidar com a sua solidão, e com todas as perguntas que surgem aos poucos, trazendo a péssima sensação de que as motivações que o levaram a tirar a própria vida sequer faziam parte da realidade dela.

Porém, nem tudo é o que parece, e gradualmente Beth percebe que há uma presença sobrenatural naquela casa, a qual surge ao escurecer, e que levanta ainda mais questões a respeito da morte de Owen. E, como o grande sinal de luto cuja força vem para desprepará-la cada dia mais, ela não só não se conforma com a perda de seu marido, como também começa a questionar-se sobre a sanidade de seus atuais momentos. Será que ela está de fato vivenciando a presença pós-vida de Owen? O que ela significa? Por que uma força sobrenatural está dominando aquela casa para, aparentemente, não deixar Beth seguir com sua vida?

Aqui, porém, as respostas encontram caminhos opostos, e cada questão parece seguir aleatoriamente para uma solução, o que faz desta obra uma experiência estranha, ainda que justificável. Em “A Casa Sombria”, Beth vive o pleno momento de luto, e tudo o que ela faz em sua vida está relacionado a não aceitar a morte de seu marido, o que claramente poderia lhe provocar quaisquer reações de surto ou até mesmo confusão mental. Porém, o filme acelera no tema sobrenatural, e galga a algo meramente relacionado ao espiritismo, cujos princípios envolvem o contato com quem já partiu de forma sutil, e que há forças hostis que podem atrapalhar a desenvoltura de uma relação extraespiritual. Mas não é isso o que o filme decide fazer, já em seu terceiro ato.

Como de praxe, há o envolvimento com forças ocultas malignas, e a justificativa para isso acontecer é quase absurda demais até mesmo para um filme de terror. Assim, tudo o que o longa havia construído sobre os processos de perda, negação, luto e aceitação de sua protagonista vai por água abaixo. Por isso, se o peso de Beth poderia ser facilmente comparado a obras e temáticas de “Os Outros” e “O Babadook”, infelizmente deixa de se aplicar por conta do roteiro desestruturado de Ben Collins e Luke Piotrowski, e a direção de David Bruckner não parece mesmo entender se explora ou não a sua protagonista.

Assim, é uma pena e tanto que Rebecca Hall não consiga dar à sua Beth a credencial que ela merece, pois a atriz está fenomenal como a mulher que precisa lutar com uma perda repentina, e cuja vida perde significado e chão, tudo ao mesmo tempo. Por isso, mesmo em uma das cenas mais absurdas, cujo conteúdo pode se assemelhar a certo aspecto de “Ghost – Do Outro Lado da Vida”, tudo não perde completo sentido porque há empatia entre o espectador e Beth, e a atriz merece o devido crédito por carregar tudo em suas costas.

Portanto, este “A Casa Sombria” é uma lembrança vaga de uma boa premissa. Rebecca Hall vale cada minuto de cena, e as nuances de seu luto também, mas o restante é um emaranhado que se encaixa em outros tantos títulos genéricos e apáticos do cinema de terror: não assustam, não são lembrados e não fazem falta.

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Crítica | A Casa Sombria (2021): mal explorado, mas com boas intenções

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