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Na maioria dos filmes atuais que envolvem ciências como física e química, além da biologia, muitos profissionais dessas áreas são envolvidos na produção para dar mais veracidade às cenas e em toda a trama.

Por exemplo, na animação Procurando Nemo, biólogos marinhos avaliaram diversos aspectos do oceano criado e precisaram fazer vários ajustes, retirando algumas espécies de corais que não seriam viáveis na região em que os peixinhos do filme viviam. Tudo para que não haja nenhuma discrepância mais gritante com a realidade (exceto em filmes realmente mais ficcionais e fantasiosos).

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Afinal, o visual do fundo do mar visto na animação citada acima pode ter sido o primeiro vislumbre desse ambiente que uma criança teve, antes mesmo das primeiras aulas de biologia.

Da mesma forma que o mais próximo que uma pessoa pode chegar a um laboratório de astrofísica no seu tempo de vida talvez seja assistindo Jane Foster, uma cientista astrofísica interpretada pela atriz Natalie Portman no filme do super-herói Thor. Assim, as pessoas esperam ver alguns equipamentos típicos de um laboratório dessa área ou ouvir a atriz utilizando terminologias corretas, não é verdade?

O que diz a comunidade científica

De acordo com o site Smithsonian, a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), recentemente promoveu a “Hollywood & Ciência“, uma conferência virtual focada na importância de ter cientistas e diretores cinematográficos trabalhando juntos.

David Kirby, um conferencista professor de comunicação da ciência na Universidade de Manchester, da Inglaterra, e autor de “Jalecos em Hollywood: Ciência, Cientistas e Cinema”, iniciou a sessão de uma hora com uma apresentação sobre a história do aconselhamento da ciência na indústria cinematográfica.

Desde os anos 1920 e 1930, os cineastas têm recrutado cientistas para ler e avaliar roteiros, para estarem presentes nos sets de filmagens e para fornecer seus pareceres durante a produção.

Segundo o outro palestrante da conferência, Kevin Grazier — um cientista da NASA e conselheiro da série de ficção científica Falling Skies e do filme Gravidade—, os diretores e produtores querem que os espectadores sintam que a produção seja baseada na ciência e que seja plausível.

Pois, a ficção científica tem um pouco de ciência e um pouco de ficção, naturalmente. “Então, você tem que lembrar que o objetivo não é fazer com que tudo seja perfeito, necessariamente. Mas é preciso fazer o mais correto que você possa para contar uma boa e convincente história”, disse Grazier ao Smithsonian.

No entanto, muitas vezes, os produtores e diretores escorregam nos conhecimentos científicos e alguns erros acabam fazendo parte de muitos filmes. Abaixo você confere alguns citados pelo especialista David Kirby em conjunto com outros cientistas:

1 – Armagedom (1998)

I don´t wanna close my eyes / I don´t wanna fall asleep /´Cause I´d miss you, babe / And I don´t wanna miss a thing… É impossível pensar nesse filme e não se lembrar da trilha sonora marcada pela música do Aerosmith, não é verdade? Porém, além disso, tem muita gente que se recorda dessa produção com um tanto de incredibilidade.

O diretor de Armagedom, Michael Bay, consultou a NASA neste filme apocalíptico estrelado por Bruce Willis e Ben Affleck. “Todas as naves espaciais são ótimas. Eles filmaram cenas no interior do Centro Espacial Kennedy, aquelas são excelentes. Mas o cenário em torno do asteroide é bastante ridículo”, afirmou o especialista David Kirby ao Smithsonian.

No filme, um cientista da NASA, interpretado por Billy Bob Thornton, informa o presidente dos Estados Unidos que um asteroide “do tamanho do Texas” vai colidir com a Terra em 18 dias. “Essa linha de diálogo é uma loucura. Qualquer astrônomo diria, se existisse um asteroide do tamanho do Texas se aproximando, que teria sido visível provavelmente anos antes”, explica Kirby.

International Business Times

E ainda tem mais escracho vindo dos cientistas para o lado de Armagedom. Em uma revisão crítica publicada na revista Nature, Kevin Zahnle, do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Mountain View, na Califórnia, debateu sobre esses tipos de filmes (incluindo também Impacto Profundo). Sobre o Armagedom, ele disse:

A ciência do Armagedom é simplesmente ridícula. Algumas rapidinhas: (1) apenas os três maiores asteroides podem ser descritos como “do tamanho do Texas”; (2) aos 18 dias antes do impacto, um asteroide do tamanho do Texas seria tão brilhante como as estrelas do cinturão de Orion, mas, ele não é descoberto até então; (3) a energia necessária para dividir o asteroide do tamanho do Texas seria de 10 bilhões de megatoneladas, cerca de um milhão a mais do que os arsenais nucleares mundiais; e (4) uma broca que fura cerca de 250 metros não parece ser muito em comparação com a vastidão do Texas.

O assessor científico do filme Ivan Bekey tentou convencer Bay a mudar tanto o tamanho do asteroide quanto a estimativa de tempo para o seu impacto sobre a Terra, mas o diretor se recusou. “Não acho que o público iria acreditar que algo de cinco ou seis quilômetros de comprimento poderia aniquilar a Terra”, disse Bay, de acordo com as notas de produção.

Além dessas afirmações, um grupo de estudantes de pós-graduação em física da Universidade de Leicester revelou mais uns “buracos” na trama do filme. Segundo as suas estimativas, o personagem de Bruce Willis teria necessidade de detonar uma bomba pelo menos um bilhão de vezes mais forte que o “Big Ivan” (a maior bomba já detonada na Terra) no núcleo do asteroide, a fim de dividi-lo para jogar as suas metades para mais longe do planeta. E mais, ele teria sido obrigado a acionar a bomba consideravelmente mais cedo também.

2 – 2012 (2009)

Em 2012, terremotos, erupções vulcânicas e tsunamis assolam a Terra. Certamente, os roteiristas tiveram o calendário maia em mente, que acaba em 2012, prenunciando o apocalipse. Mas, eles também tentaram explicar cientificamente a onda de desastres naturais.

No enredo, um astrofísico da Índia descobre que uma enorme tempestade solar está causando o aumento da temperatura do núcleo da Terra por ação dos neutrinos, que passam a se comportar de forma prejudicial. Com um olhar de horror em seu rosto, o personagem afirma que os neutrinos estão em mutação. “Isso simplesmente não faz qualquer sentido”, disse Kirby.

Segundo Philip Yam, do Scientific American, os cientistas afirmam que se os neutrinos se alterassem dessa forma devido a um ciclo solar intenso e aquecessem as partículas do tão sólido núcleo terrestre, elas simplesmente torrariam de vez a superfície da Terra, sem nem chance de acontecimento para os desastres que permearam o filme.

3 – O Núcleo – Missão ao Centro da Terra (2003)

Josh Keyes, geofísico interpretado pelo ator Aaron Eckhart, descobre a origem de uma série de ocorrências esquisitas – aves perdendo sua capacidade de voar, o colapso da ponte Golden Gate e marca-passos das pessoas parando simultaneamente.

Ele e seu colega Conrad Zimsky (Stanley Tucci) chegaram à conclusão que o “núcleo da Terra parou de girar” e, para fazê-lo girar de novo, eles deveriam descer ao centro do planeta com um “superperfurador” para acionar alguns explosivos. “Aquele filme foi totalmente limado pelos cientistas”, disse Kirby, demonstrando o total desprezo dos especialistas com a teoria da produção.

4 –  Volcano – A Fúria (1997)

Um vulcão entra em erupção em Los Angeles? Segundo Kirby, o filme deixou os cientistas malucos. Quando perguntado sobre a plausibilidade do cenário, Ronald Charpentier, um geólogo do Serviço Geológico dos EUA, escreveu: “Os vulcões estão localizados onde há uma fonte de magma… Los Angeles e todo o sul da Califórnia podem ter um grande potencial para terremotos, mas são provavelmente seguros de vulcões por um tempo”.

De acordo com as informações de Kirby, os produtores deram o roteiro para Egill Hauksson, um sismólogo do Instituto de Tecnologia da Califórnia, para análise. Hauksson o leu imediatamente, mas insistiu que o Instituto não fosse associado com o filme.

5 – O Sexto Dia (2000)

Adam Gibson, um homem de família interpretado por Arnold Schwarzenegger, é clonado, e parte para uma missão para descobrir quem foi o responsável. Segundo Kirby, o grande problema é como o filme retrata a clonagem.

“A ideia de clones com memórias totalmente formadas é muito louca. Isso é uma fantasia total. Quando um organismo é clonado, seu clone não tem a mesma idade e sua mente não é uma cópia carbono da original”, diz ele.

fonte:megacurioso.com.br

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