“Operação Fronteira” reúne um quinteto de personagens que abandonam qualquer pretensão de integridade moral para garantir uma vida mais digna às suas famílias, lançando-se em uma espiral de ações aviltantes.
A abordagem de J.C. Chandor diferencia-se
Como ocorre em muitos filmes de ação, os protagonistas enfrentam dilemas éticos extremos, mas aqui, a abordagem de J.C. Chandor, que coescreveu o roteiro com Mark Boal — premiado pelo Oscar por “Guerra ao Terror” (2008), de Kathryn Bigelow —, diferencia-se por sua sofisticação narrativa.
Chandor constrói uma trama que vai além da mera exploração da violência ou da sobrevivência: ele convida o espectador a refletir sobre a ambivalência moral de seus personagens, transformando a corrosão ética em um elemento central.
Os personagens falíveis e humanos
Em “Operação Fronteira”, a narrativa se alonga por mais de duas horas, período em que as noções de certo e errado não apenas se chocam, mas se fundem, gerando um desconforto inquietante.
A “fronteira” do título não se limita à geografia que une Brasil, Argentina e Paraguai, no curso sinuoso do rio Paraná. É também uma metáfora para os limites — ou a ausência deles — que esses homens cruzam em sua busca desenfreada por dinheiro.
Santiago García, apelidado de Papa, é o elo que conecta os eventos. Interpretado por Oscar Isaac em uma performance marcante, García é um ex-integrante da Força Delta, agora radicado na Colômbia, onde lucra em empreitadas militares e mantém estreitas relações com uma elite corrupta.
Com uma rede de contatos que lhe garante informações privilegiadas, García está sempre um passo à frente das autoridades no tráfico de drogas.
Yovanna, vivida por Adria Arjona, aparece brevemente na narrativa para revelar a existência de 75 milhões de dólares em dinheiro escondidos na selva por um barão do narcotráfico.
Este tesouro desperta em García o desejo de reunir uma equipe tão capacitada quanto implacável.
O desfecho sombrio
Assim, ele reativa laços com antigos colegas: Tom Davis, o Redfly; os irmãos William (Ironhead) e Ben Miller; e Francisco Morales, o Catfish, interpretado por Pedro Pascal.
A cena final, desprovida de retórica ou reviravoltas redentoras, sintetiza a mensagem essencial do filme: o dinheiro pode comprar quase tudo, menos o que realmente importa.
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