“Escape Room” trouxe um olhar interessante para a safra de filmes que mexe com o senso de perigo de todo ser humano. Com a onda de reality shows e com obras que vão desde “O Show de Truman – O Show da Vida” até o distópico “Jogos Vorazes”, passando uma boa dose de gamificação que “Jogos Mortais” trouxe, culminando em uma premissa válida: afinal, alguém pode muito bem criar um jogo sádico no qual as pessoas precisam sobreviver à base de seus esforços intelectuais e físicos. Isso já existe, mas em tom de brincadeira, em salas espalhadas por todo o mundo, afinal de contas. Pena que a teoria foi muito diferente da prática e, agora, há uma continuação daquilo que já não funcionou tão bem, com este “Escape Room 2: Tensão Máxima”.

Como o título original sugere, agora é a hora do torneio dos campeões. Sim, há diversos jogos do tipo espalhados e, sempre com a tensão à flor da pele, os vencedores foram propositalmente mantidos vivos, para seguirem suas vidas, mesmo que ninguém acredite em absolutamente nada do que digam. Com alguns traumas físicos e diversos psicológicos, eles se reencontram em um cenário criado para reuni-los e, logo que as coisas começam a dar errado, percebem estar novamente no jogo, ainda que tenham tentado fugir dele de todas as formas. Na loucura de aceitar essa nova realidade em uma mistura de Truman (Jim Carrey) e Paxton (Jay Hernandez), de “O Albergue”, os sobreviventes precisam lidar com a nova realidade enquanto multimilionários brincam novamente com suas vidas.

Desta vez, porém, o espectador tem a oportunidade de saber mais sobre a tecnologia aplicada nos jogos literalmente mortais, e é possível conhecer além dos sobreviventes, mesmo que inicialmente os protagonistas sejam Ben Miller (Logan Miller) e Zoey Davis (Taylor Russell). Ambos conseguiram escapar com vida do arco apresentado no primeiro filme, mas, desta vez precisam passar por provações ainda mais difíceis, com novos integrantes do jogo – afinal, é um torneio de campeões. E, mesmo que o desespero pelo alto nível de sadismo dessa premissa deixe os personagens em constante questionamento, é mesmo o que acontece junto ao planejamento das salas que mais importa.

Isso não significa, porém, que seja interessante o suficiente para tornar a história um filme. Ao contrário. Aqui, o “Puzzlemaker” (James Frain) vive em uma espécie de mansão altamente tecnológica, e dali controla todas as salas, com uma equipe de profissionais estranhamente conivente com todo o absurdo. Mas, como se o lado vilanesco à moda dos filmes de 007 de Pierce Brosnan não fosse o suficiente, ele tem uma filha, cuja mãe teve uma espécie de teste de escape room gratuito, e que hoje é mantida em cárcere privado, servindo como projetista de novas salas enquanto ele pode gargalh… Enquanto ele cria planos cada vez mais mirabolantes.

Desta forma, este “Escape Room 2: Tensão Máxima” é o apelo de que uma saga está sendo criada, como o terceiro ato deixa tão claro, e que não é preciso ao menos uma boa realização para torná-la real. Por isso, o trabalho sofrível do roteiro de Will Honley, Maria Melnik, Daniel Tuch e Oren Uziel é quase esquizofrênico. É berrante do ponto de vista do mais ingênuo questionador, um assombro como houve pré-produção que o tornasse real, mesmo que as ideias absurdas das salas de escape, ou escape rooms, funcionasse de maneira isolada, mas sem jamais fazer sentido como um longa-metragem, quiçá continuação.

Além disso, ainda que o primeiro capítulo desta triste saga tenha trazido alguns jogos de câmera válidos, para dar veracidade às armadilhas propostas pelo roteiro, aqui os efeitos visuais também não convencem, e os atores parecem jamais levar a sério a própria gravidade das situações nas quais vão parar. Infelizmente, então, o trabalho de direção de Adam Robitel não convence porque, neste caso, sequer a premissa parece válida para torná-la algo crível, próximo de qualquer realidade. O melhor exemplo é a própria cena em que os “combatentes” se encontram, no metrô. Desta forma, esta saga segue o exemplo de “Jogos Mortais”, que se perdeu em uma sucessão de obras sádicas sem finalidade alguma.

É uma pena, portanto, que o que poderia ser um jogo de estratégia e sobrevivência, como os primeiros dez minutos do filme original apostam, se tornam um blefe de cenários nada críveis com atuações completamente fora de tom. E isso é apenas o primeiro filme. Este, em questão, é a vaga lembrança do que poderia ter dado certo, da saudade do que não aconteceu.

O post Crítica | Escape Room 2 – Tensão Máxima (2021): fuja para as colinas! apareceu primeiro em Cinema com Rapadura.

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