O diretor Bryan Singer é bastante conhecido dos fãs de X-Men, sendo ele o responsável por levar os mutantes pela primeira vez aos cinemas em 2000, e com isso estabelecer uma nova onda de filmes de super-heróis nas telonas.

Não fosse o sucesso de X-Men, possivelmente não veríamos Homem de FerroHomem-Aranha ouOs Vingadores, e a Marvel Studios certamente não seria o que é hoje. Foram os mutantes liderados por Ciclope, Jean, Tempestade e Wolverine que abriram caminho para que outros personagens dos quadrinhos ganhassem adaptações cinematográficas.

Singer comandou o primeiro longa dos mutantes e a sua sequência, o elogiado e favorito de muitosX-Men 2 (2003), antes de deixar a franquia para realizar outra produção de super-herói comSuperman – O Retorno (de 2006).

Depois de ficar afastado da direção dos X-Men nos últimos filmes, Singer voltou ao posto que lhe pertence com X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, longa que está sendo considerado o melhor filme dos mutantes por corrigir o rumo da franquia, reparar alguns erros, conectar a história dePrimeira Classe com a primeira trilogia da saga e ainda definir um novo rumo para os personagens.

Infelizmente, o diretor foi afastado de qualquer publicidade durante o lançamento do novo filme devido a acusações difamatórias sobre um suposto caso de Singer, no passado, com um menor de idade. Isso acabou impedindo que o diretor falasse mais sobre como foi voltar ao comando dos mutantes. Porém, em entrevista à revista Empire, Singer pode desabafar algumas percepções e perspectivas sobre os filmes dos X-Men.

Veja abaixo alguns dos destaques da conversa que teve com a publicação.

O primeiro X-Men

Questionado sobre como ele vê hoje o primeiro filme da franquia, Singer relembra as dificuldades, comenta o que mudaria na produção e qual é a sua característica mais forte:

“Eu provavelmente melhoria os efeitos visuais um pouco. É um filme com o qual eu tive um monte de frustrações durante a produção, e eu já fui muito crítico sobre ele antes, mas revendo-o como forma de me preparar para realizar X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, a característica que eu mais apreciei foi a jornada de Wolverine e Rogue. Eu pensei, uau, esses dois personagens solitários e sem lugar para ir, vagando pelas florestas de montanha do Canadá, encontram-se envolvidos no final nesta enorme sequência na tocha da Estátua da Liberdade. (…) Revendo o filme, por todas as coisas que não podíamos fazer, que não podíamos pagar e tendo que correr para realizar, acho que essa jornada realmente funcionou e que o personagem do Wolverine se materializa no final. Ele deixou de ser um cara que não tinha nenhum papel no universo para ser alguém que arrisca sua vida por ele”.

Singer fala ainda sobre as decisões criativas que teve durante a produção e que foram fundamentais para o sucesso do filme. Uma delas ele considera ser a escalação de Hugh Jackman, que substituiu Dougray Scott (de Missão: Impossível 2) na última hora. Outra foi a mudança que fez na sequência final, que inicialmente teria Wolverine, e não Vampira, presa na máquina de Magneto. Singer disse ter percebido que precisava que o herói salvasse alguém e que não estivesse imobilizado, e trocou os personagens, dando mais sentido para a história.

Mais confiança em X-Men 2

Singer confessa que se sentiu muito mais seguro e confiante para trabalhar na sequência de X-Men em 2003. O estúdio também acreditava mais no seu trabalho depois do sucesso do primeiro filme, e diversas ideias e propostas que foram testadas no longa original tiveram uma boa recepção do público, confirmando a visão de Singer para a saga.

O diretor diz que a sequência de abertura do filme, com a espetacular invasão de Noturno na Casa Branca, foi uma ideia que ele teve ainda para o primeiro filme, mas ele sabia como queria realizar e para isso precisava de mais tempo e dinheiro. Além disso, no segundo filme ele pôde contar com o editor John Ottman, seu amigo e parceiro habitual, que lhe deu mais segurança para gravar a sequência.

Singer revela também que ninguém mais sabia que Jean morreria no final do filme a não ser ele, a atriz Famke Janssen e o presidente do estúdio. O diretor lembra inclusive que foi realizada uma foto promocional com todo o elenco reunido na Sala Oval da Casa Branca, remetendo à cena final que encerra o filme. A foto foi registrada com Jean Grey junto aos demais X-Men, mesmo sabendo que a personagem já estaria morta naquele ponto da narrativa. Isso foi feito para despistar os curiosos!

O desgosto por X-Men: O Confronto Final

No decorrer da entrevista, Singer não consegue esconder a sua insatisfação com o filme X-Men: O Confronto Final (2006). O desgosto é tanto que ele nunca acerta o título do filme! Mesmo evitando criticar o trabalho realizado pelo diretor Brett Ratner, Singer deixa escapar que ele não teria matado Scott, e revela que assistiu (escondido!) a um corte não finalizado da produção:

“Eu vou te contar uma coisa que eu nunca disse a ninguém. Alguém que trabalhava em uma empresa, em algum lugar, e eu não vou dizer onde, nem quem ou no quê, mas essa pessoa na verdade permitiu que eu entrasse, no meio da noite, em um edifício, sentasse em uma pequena sala e assistisse ao X-Men… qual é mesmo o nome? O Confronto Final. Meses e meses e meses antes de ser finalizado. Rolo por rolo vistos em um computador. E eu nunca disse a ninguém. Eu nunca disse a Brett [Ratner], e Brett é um amigo. Eu não queria que ninguém soubesse. A única razão pela qual eu fiz isso foi porque eu estava tão ligado psicologicamente com a franquia que eu precisava disso para me preparar para esse filme. Por isso foi útil para mim mentalmente. Eu não contei a ninguém, eu não falei sobre o filme. Eu esperei a noite de abertura e fui vê-lo no Chinese Theatre (em Hollywood), onde acabei encontrando Brett. E nós tivemos uma bela conversa, mas eu não deixei ninguém saber que eu tinha visto o filme antes. Aquilo foi para mim. Eu só queria saber sobre o que ele seria para não ser pego de surpresa quando fosse ver o produto final em um cinema”.

Assistir previamente ao corte final do filme preparou Singer para a “carnificina” de personagens – como ele chama as mortes apresentadas no terceiro longa dos X-Men. Singer diz que entende que, às vezes, as pessoas desperdiçam personagens no final da história e que eles não vivem para sempre mesmo, mas que sentiu certo alívio pela cena final de O Confronto Final mostrar que a consciência do Professor Xavier sobrevive no corpo de uma pessoa no leito de um hospital, o que deu algum material com o qual ele pudesse trabalhar.

Dessa maneira, Singer demonstra que apesar de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido apagar os acontecimentos de O Confonto Final, ele não ignora o filme em termos de continuidade da saga. O diretor comenta que entende que Xavier, de alguma forma, consegue se “reincorporar” para aparecer em Dias de um Futuro Esquecido como sempre o conhecemos.

A mesma liberdade interpretativa Singer teve com Wolverine, já que na trama que se passa no futuro no novo filme o personagem aparece com as garras de adamantium, mesmo que elas tenham sido quebradas no longa Wolverine: Imortal. Singer diz que entende que Logan, em algum momento entre as narrativas, pode ter realizado algum procedimento para reaver suas garras.

Singer destaca ainda que Ellen Page (a Kitty Pryde) foi uma das grandes revelações de X-Men: O Confronto Final, e que ele sempre quis trabalhar com a atriz. A presença de sua personagem na narrativa do novo filme é a melhor amostra de que Singer não ignorou o terceiro e problemático filme dos X-Men da saga dos mutantes nas telonas.

Primeira Classe: Xavier e Magneto

Diferente de O Confronto Final, Singer parece ter uma admiração muito grande por X-Men: Primeira Classe (2011), filme que ele escreveu o argumento e produziu, mas que foi dirigido por Matthew Vaughn (de Kick-Ass). Singer afirma que gostaria de ter comandado o longa, mas que não pôde trabalhar diretamente nele por questões de agenda e de outros compromissos firmados anteriormente.

O diretor diz ter ficado muito satisfeito com o elenco escalado para Primeira Classe, e que a possibilidade de trabalhar como os novos atores foi o que o levou a dirigir X-Men: Dias de um Futuro Esquecido.

Ele conta que os filmes mais recentes dos mutantes representam uma segunda chance, tanto para ele, retornando à franquia, quanto pela própria narrativa envolvendo os personagens. Singer diz que sempre se interessou pela trama entre Xavier e Magneto, e que apesar da Primeira Classe dos quadrinhos ser a história da primeira turma de alunos de Xavier, com Ciclope, Fera e Jean, ele achou melhor focar na amizade e na rivalidade entre Charles e Erik.

Durante o processo de elaboração do argumento de Primeira Classe, Singer afirma ter se deparado com alguns conflitos com a história apresentada no X-Men original, de 2000, inclusive sobre quando a narrativa diz que Xavier e Magneto se conheceram. De novo, o diretor conclui que algumas modificações e liberdades foram necessárias entre a primeira e a segunda trilogia mutante, e que ele não pode simplesmente voltar ao primeiro filme e cortar fora alguns diálogos:“eu não sou George Lucas, eu não tenho capacidade de fazer isto”.

Criatividade em Dias de um Futuro Esquecido

Singer considera X-Men: Dias de um Futuro Esquecido uma adaptação mais fiel à história dos quadrinhos do que Primeira Classe, mas mesmo assim achou que fazia mais sentido mandar Wolverine ao passado do que a personagem Kitty Pryde:

“Fazia mais sentido para a história. Parece lógico porque ele é um personagem com o qual estamos mais acostumados de ver nos filmes. E sua versão mais jovem teria a mesma aparência que sua versão mais velha, assim o mesmo ator poderia interpretar o papel. Mais importante ainda, a proposta é que, quando vamos voltamos no tempo, vemos Magneto e Xavier jovens, e eles estão brigados, destruídos e incontroláveis, e eu gostei da ideia de um personagem mais velho ter que lidar com esses dois jovens impetuosos. Se um personagem salta no tempo para a sua versão mais jovem, então precisaria de um personagem jovem para fazer essa intermediação, e Kitty Pryde teria sido uma personagem jovem demais. Bem, no nosso mundo, ela não teria sido nascido! E, por último, Wolverine, do ponto de vista técnico, é o único que pode atravessar essa distância. A noção é que ela pode enviar as pessoas de volta no tempo para uma semana ou duas, o que eles usam no futuro como mecanismo de defesa (contra os sentinelas), mas enviar alguém fisicamente de volta a essa distância é muito prejudicial para a mente e o corpo. Mas Wolverine tem o poder de cura e, enquanto se mantiver focado e calmo, ele consegue permanecer no tempo passado”.

Além dessa explicação sobre a mudança narrativa na adaptação da saga Dias de um Futuro Esquecido, Singer conta, na entrevista, algumas das cenas que criou quando o filme já estava em produção. Uma delas é a sequência em que Magneto recupera o seu capacete, atacando guardas e estilhaçando um painel de vidro. Outras cenas que não estavam previstas no roteiro inicial do filme se revelaram as mais impactantes e memoráveis do novo longa dos mutantes:

Nós reescrevemos muita coisa ao longo da produção. Assim que você começa a gravar, percebe o que parece correto e para onde seus personagens estão indo, e com isso surgem algumas das melhores cenas. Há uma divertida sequência com Mercúrio neste filme, e outra no avião, que eu criei no meio da produção. Não é um dia antes, mas também não muitos meses antes (da filmagem)”.

Com o sucesso estrondoso de crítica e de público de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, os fãs aguardam agora a continuação da saga dos mutantes nas telonas com o anunciado X-Men: Apocalypse, previsto para 2016.

Algumas informações iniciais já indicam algumas pistas da história do próximo filme, que se passará no ano de 1983 e contará com o vilão Apocalypse. Mutantes queridos do publico como Ciclope, Jean, Tempestade, Gambit e Noturno devem ser reintroduzidos na narrativa com novos intérpretes, enquanto James McAvoy (Charles Xavier), Michael Fassbender (Magneto), Nicholas Hoult (Fera), Jennifer Lawrence (Mística) e Evan Peters (Mercúrio) devem reprisar seus papéis.

fonte:megacurioso.com.br

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